RX BRASILEIRO

Cientistas da USP e do Instituto Atlântico desenvolvem protótipo de equipamento para exames de raios X digital com tecnologia 100% nacional

Elton Alisson/Agência Fapesp, com adaptações
17/10/2013
RX BRASILEIRO

O Brasil desenvolveu o seu primeiro protótipo de equipamento para exames radiológicos. A máquina é um scanner com tecnologia digital que serve para fazer radiografias odontológicas.

A meta da equipe responsável pelo projeto é estudar formas de reduzir entre 50 e 80% a emissão de raios X por esses equipamentos durante o exame. Além disso, aposentar de vez a tecnologia analógica que ainda é usada em grande parte do país.

“A radiologia digital está só começando. Sabemos que já há uma demanda enorme por essa tecnologia no Brasil e que as placas radiográficas utilizadas hoje para a realização de exames com raios X entrarão em desuso. Por isso, pretendemos auxiliar o sistema de saúde do país a realizar a substituição tecnológica”, disse Vanderlei Bagnato, professor do IFSC e coordenador do Cepof.

O protótipo do scanner lê e digitaliza imagens de raios X obtidas por meio de placas constituídas por sais de terras raras, entre outros materiais. Ao incidir raios X sobre essas placas, as cargas eletrônicas das moléculas das substâncias que compõem o material são excitadas e entram em um estado energético chamado metaestável (diferente de seu estado de equilíbrio).

O mecanismo gera radiografias de altíssima resolução, que podem ser armazenadas ou enviadas pela internet.

As pesquisas foram desenvolvidas por pesquisadores do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (Cepof) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Atlântico, de Fortaleza (CE).

“A radiologia digital permite fazer quase uma microscopia com raios X por meio de imagens com resolução praticamente em nível molecular”, disse Bagnato à Agência FAPESP. “Tudo depende de quão finamente conseguimos focalizar o laser de leitura.”

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) identificou que há uma necessidade de o país investir na tecnologia de raios X digital e aprovou, por meio do Fundo Tecnológico (Funtec), o desenvolvimento de um scanner leitor e das demais partes do equipamento.

“O raio X digital precisa ter uma fonte de raios X, o que o Brasil já sabe fazer e relativamente bem. Seria preciso desenvolver, então, o leitor a laser”, disse Bagnato.

O próximo passo agora, depois da conclusão do protótipo, é transformar o equipamento em um modelo comercializável.

A meta dos pesquisadores também é desenvolver nos próximos anos outras versões do equipamento voltadas para a radiografia em ortopedia e do tórax.

Para saber mais detalhes do projeto, clique aqui