RADIOLOGIA FORENSE
Urna funerária de criança indígena, que pode ter mais de mil anos, passa por tomografia para pesquisa arqueológica na UFMG
14/04/2023
Artefato foi um dos poucos resgatados em incêndio que atingiu museu da universidade em 2020. A pesquisa é feita pela arqueóloga Gabrielle Ferreira, indígena da etnia Borum-Kren.
Uma estrutura funerária utilizada para o sepultamento de uma criança indígena, que integra o acervo do Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi submetida a uma tomografia computadorizada no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte, no último sábado (1º). A estimativa de pesquisadores é que o sepultamento tenha sido realizado há 600 a 1.300 anos.
"Eu montei todo o meu projeto voltado cuidadosamente para esse serzinho. Eu queria muito conversar com essa criança, porque os ossos contam muita coisa [...] Os ossos estão todos pigmentados de vermelho e foram colocados de uma forma que não estão em posição anatômica. Teve um preparo dos nossos ancestrais para colocar essa criança ali com todo cuidado e amor", disse Gabrielle.
"Às vezes as pessoas esquecem que ossos são pessoas, mas, por se tratar do corpo de uma criança indígena e eu representar também um corpo indígena, por ser uma mulher indígena, não posso deixar que essa criança seja tratada como material arqueológico, e não como uma pessoa. Esse é o ponto-chave da minha pesquisa. Ela é uma pessoa", afirmou Gabrielle.