CONTER É CONTRA A DESUMANIZAÇÃO

Atendimento radiológico e exames de imaginologia não podem ser feitos a distância, nem por comando remoto

Presidência do CONTER
04/05/2016
CONTER É CONTRA A DESUMANIZAÇÃO

No Dia do Trabalhador, o Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) fez uma publicação sobre as novidades apresentadas na Jornada Paulista de Radiologia (JPR 2016), a maior feira de equipamentos radiológicos da América Latina. Entre fotos de equipamentos, impressoras e aventais, publicamos a imagem de uma sala de comando remoto para equipamentos de ressonância magnética, para mostrar que existe gente no mercado disposta a trocar profissionais da saúde por computadores, com o único objetivo de aumentar o lucro no atendimento à saúde – especialidade que para alguns virou apenas um negócio.

O CONTER é contra tecnologias dessa natureza, pois o uso acabaria com milhares de empregos e colocaria a vida dos pacientes em risco. Os protocolos envolvidos nesse tipo de atendimento não podem ser executados a distância, por computador, pois a precisão necessária ao emprego das técnicas radiológicas em imaginologia depende do atendimento pessoal e intransferível, do contato exclusivo entre o paciente e o profissional das técnicas radiológicas que faz o atendimento e se responsabiliza tecnicamente pela operação.

Segundo a literatura brasileira e a legislação em vigor, o atendimento dos pacientes submetidos a exames de imaginologia deve ser feito pelo técnico ou tecnólogo em Radiologia, com especialização e habilitação legal na área. O profissional só pode atender uma pessoa por vez e se dedicar totalmente ao exame do paciente, para aplicar as técnicas e os protocolos de segurança mais apropriados às necessidades de cada um.

Com o uso da tecnologia remota, querem que o profissional atenda até três pessoas de uma vez, em lugares diferentes do país, a partir de um computador instalado em uma sala fria e distante. Quem faria o posicionamento, as recomendações de segurança e o controle da situação durante o procedimento seria o “pessoal de apoio” do hospital, que não entende nada do assunto, que é complexo por natureza. Simplesmente, inaceitável.

Com a adoção do atendimento a distância, os riscos aumentariam desnecessariamente. Se houver erro da aplicação de radiofrequência, o exame pode causar queimaduras. Se o paciente estiver sedado e houver descontinuidade da comunicação com o profissional que estiver à distância, quem vai prestar socorro? Não tem como.

O que mais nos preocupa é o atendimento a crianças e idosos, pois exige técnica e profissionalismo da mais alta qualidade e complexidade. Inclusive, é recomendável fazer a dupla checagem de todos os protocolos. Evidentemente, não é possível para o especialista fazer um bom atendimento a esses pacientes a distância.

Diante da ameaça que o capital especulativo representa para a saúde pública, o CONTER decidiu criar uma petição para tornar público o posicionamento da categoria em relação a esse tipo de iniciativa, que representa um retrocesso no atendimento da população. Para assinar, clique aqui

☢ Existem várias perguntas sem respostas, que gostaríamos de fazer publicamente às empresas que defendem esse tipo de tecnologia e querem implantar o atendimento remoto:

✖ Quem vai fazer triagem e a anamnese do paciente?

✖ Quem vai preparar o paciente e dar as orientações para a realização do exame com segurança?

✖ Quem vai fazer as contraindicações para os pacientes especiais, que usam marca-passo ou possuem objetos metálicos no corpo?

✖ Quem vai administrar os contrastes?

✖ Quem vai operar o equipamento e definir as regulagens, a energia empregada e a precisão da técnica?

✖ Se o paciente tiver efeitos colaterais, quem vai resolver?

✖ Quem responde legal e profissionalmente se alguma coisa der errado?

Esse é um claro atentado contra as prerrogativas profissionais definidas no Artigo 1º da Lei n.º 7.394/85 e na Resolução CONTER n.º 02/2002, que institui e normatiza as atribuições e competências dos profissionais que atuam na área.

A reação da categoria mostra o que representa esse tipo de tecnologia. Ontem, a ameaça era o profissional incompetente que exercia a profissão ilegalmente com o acobertamento de um empresariado ganancioso. Hoje, o concorrente desleal é a máquina financiada pelo capital especulativo, que não enxerga o aspecto humano dos processos de trabalho na área da saúde.

Fica o nosso repúdio à tentativa de robotizar as técnicas radiológicas, somos contra. O CONTER está disposto a defender o interesse público da sociedade brasileira. Vamos tomar todas as medidas necessárias contra essa iniciativa.

Contamos com a adesão das associações, sindicatos, conselhos e demais organizações que representam os profissionais das técnicas radiológicas. Estamos do mesmo lado, em defesa da legalidade e do direito profissional regulamentado.

Respeitosamente,

VALDELICE TEODORO
Presidente do CONTER