ARTIGO

Para onde o aperfeiçoamento pode nos levar?

Professor Guilherme Oberto Rodrigues
17/02/2014
ARTIGO


por Guilherme Oberto Rodrigues*

A ciência faz parte de nosso cotidiano, quando nos comunicamos e estudamos. Até mesmo ao escolhemos o tipo de alimentos ou remédios que iremos consumir. Podemos estimar o momento em que a humanidade passou a reconhecer isso, mas não foi sempre assim.

Foi na época moderna que a ciência alcançou maior prestígio, adquiriu tanta importância. A partir do final do século XVIII, ela passou a fazer parte de todos os atos da vida do ser humano.

No período histórico denominado "Iluminismo", a ciência ocupava papel de destaque. Era apenas a partir de um rigoroso planejamento científico que os governantes acreditavam ser possível administrar seus reinos. Por isso, davam grande importância ao estudo e aconselhavam a todos que quisessem ocupar cargos diretivos.

No século XIX, a concepção de ciência começa a se parecer como a que temos hoje. Entendemos, porém, que tal concepção já estava elaborada desde muito tempo. No entanto, há autores que se referem ao período renascentista e outros, retrocedendo à Idade Média para encontrar sua origem.

Entre as características da ciência moderna estava a crença que levaria à verdade, à certeza.  Hoje em dia, já não partilhamos mais de tal crença, mas a ciência ainda é fonte de segurança para o homem contemporâneo, de forma que ainda procuramos nela, talvez não mais verdades ou certezas, mas uma opinião isenta e abalizada.

Durante a história do pensamento o homem considerou o conhecimento de diversas maneiras. Se nos aprofundarmos, para compreender bem essa história, iniciamos pela Grécia antiga.

Parmênides que nasceu na cidade de Eleia, colônia grega do sul da Magna Grécia Itália no inicio do século V a.C,  afirmava que há dois caminhos que o espírito humano pode percorrer: A "episteme”. (verdade) e o "doxa” (opinião). Este pensador grego afirmava que no mundo, na sua multiplicidade e movimento é mera "doxa", pois o verdadeiro deverá ser uno e imóvel, além de imutável. Se for múltiplo não será verdadeiro porque é cópia e se for móvel (mutável) também não é mais o que era.

Portanto a ciência dos objetivos deste mundo não nos revela a verdade, somente a contemplação.
Contemporâneo a Parmênides encontra Heráclito de Éfeso da cidade da Jônia-Turquia, que afirmou que o verdadeiro só é aquilo que se move, pois faz parte do essencial da natureza, o movimento, é dele famosa frase: "Ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio". Para este pensador o "logos” (sentido) do mundo é unidade nas mudanças e nas tensões entre os opostos.

No séc. IV a.C. em Atenas surgiu Platão, ele afirmava que o mundo conhecido por nós não é a verdade: o múltiplo e o móvel são mera representação do verdadeiro, que se encontra num mundo à parte, o “Mundo das Ideias’’. Portanto, para se conhecer a essência das coisas não se deve ir ao encontro da natureza e sim penetrar no mundo das ideias”.

O discípulo de Platão, Aristóteles de Estagira, na Trácia, sudeste da Europa, introduziu uma concepção que perdura até hoje: a de que a essência de cada coisa está na própria coisa.  Aristóteles foi um dos primeiros a fazer pesquisas cientificas.

Parecia que Aristóteles tinha descoberto o verdadeiro sentido do conhecimento, até que, idade moderna, René Descartes, que nasceu na França em 1596 pôs em dúvida o pensamento de Aristóteles, pois começou a questionar até que ponto conhecia "mesmo" a verdade da realidade. Os homens se baseavam muito em opiniões, mas estavam longe de ter certezas.

Descarte procurava, então, evidências: "ideias claras e distintas". Daí sua famosa frase que expressa à primeira evidência a que podemos chegar: "Penso, logo existo”. A partir desta época surgem as ciências empíricas, e foi o advento do movimento filosófico chamado Empirismo.

De acordo com esta linha de pensamento só é verdadeiro aquilo que é demonstrável pela experiência, ou seja, pelos sentidos. A princípio tudo indicava que os empiristas tinham plena razão, e a física de Newton vinha comprovar isso. Tal posição conduzia inevitavelmente a um ceticismo, no qual acreditava David Hume que nasceu em Edimburgo, na Escócia em 1711. Hume não aceitava nem sequer a compreensão das relações entre os fatos, pois tais relações não podem ser demonstradas diretamente.

No século XVIII surge Immanuel Kant que vem afirmar que o conhecimento humano é relativo ao próprio homem. Ao conhecer algo não é o homem, ou melhor, a mente humana que vai se adequar ao objeto, mas o objeto que se adapta à mente humana. Na verdade conhecemos não as coisas em si, mas a imagem que produzimos das mesmas e a esta imagem nossa mente aplica uma série de categorias que são “a priori, ou seja, que estão na mente antes mesmo de havermos conhecido algo”. Deste modo, portanto, é possível conhecer os fatos e suas relações.

Mesmo com conclusão brilhante de Kant, o fantasma do empirismo permanecia, e surgiu então na virada do Século XIX para XX, a linha de pensamento chamada Positivismo, tendo como seu principal representante Augusto Comte. Esta corrente, que até hoje exerce influência no meio cientifico, afirma que só se pode ter como verdadeiro aquilo que aparece aos nossos sentidos e que pode ser mensurado.

Mesmo antes do renascimento do Positivismo, que anula a Filosofia e transforma as ciências em mera descrição dos fatos, tivemos na história o pensamento de G.W.F Hegel, que demonstrou que o conhecimento só é real quando abarca a totalidade ao contrário do que dizia o empirismo, quanto mais objetivo o conhecimento, mais abstrato ele é, pois se quero um objeto, deixando de lado todas as implicações que este objeto sofre ou exerce, estou tirando-o do mundo, portanto fazendo uma abstração.

Seguindo um pouco a linha do pensamento Hegeliano, de Hegel, surgiu na Filosofia também na passagem do Século XIX para o Século XX, a Fenomenologia, que propõe a análise dos fenômenos a ponto de procurar a descobrir a sua essência. Busca assim, não apenas descrever como o objeto é, mas o que realmente ele é.

No século XVI, com o advento da ciência moderna, a matemática aliou-se às ciências naturais. Isto permitiu que as leis da natureza fossem explicadas com base na objetividade e na precisão do cálculo. Progressivamente, a cosmologia valorativa de Aristóteles e astronomia geocêntrica de Ptolomeu (que reinaram praticamente absolutas a antiguidade e a idade Média).

Na ciência, foi à época de Copérnico, Bacon, Kepler e Galileu; na arte, conviveram Rafael, Michelangelo e Leonardo da Vinci, este último, síntese perfeita do artista com o cientista.

Tornada realidade no princípio da era Moderna, a interação efetiva de ciência e técnica abriu caminho para Revolução Industrial do século XVIII, quando teve início a substituição do homem pela máquina.

No começo deste século (1905-1916), Albert Einstein, apoiando-se na geometria não euclidiana, descobre que tempo e espaço não são realidade independente (ao contrario do que pensava Newton), e sim, dimensões constitutivas de uma única estrutura quadridimensional; Consequentemente, os fundamentos científicos da modernidade precisariam ser reformulados.

As máquinas tornam-se cada vez mais sofisticadas, proporcionando enormes benefícios em todos os setores; o avanço da medicina traz alívio a muitas pessoas, as pesquisas interplanetárias revelam a existência de novos mundos, expandindo o conhecimento a limites jamais sonhados.

O conhecimento científico é concebido como lógica da invenção (para solução de problemas teóricos e práticos) e como lógica da construção, graças á possibilidade de estudar os fenômenos sem depender apenas dos recursos de nossa percepção e de nossa inteligência.

Uma das características mais novas das ciências está em que a pesquisa cientifica passaram a fazer parte das forças produtivas da sociedade, isto é economia.  A ciência tornou-se parte integrante e indispensável da atividade econômica; tornou-se agente econômico e político.

Os romanos, retomando a tradição da Grécia, chamavam de ócio (otium) não propriamente a ausência de ação, mas o ocupar-se com as ciências, as artes, o trato social, o governo, o lazer produtivo.

Os burgueses, ligados ao artesanato e comércio, valorizavam o trabalho e tinham espírito empreendedor. Ora, o sucesso e enriquecimento desse novo segmento social passam a exigir cada vez mais o concurso da técnica para a ampliação dos negócios: construção de navios mais ágeis, utilização da bússola para orientação nos mares em busca de novos portos, aperfeiçoamento dos relógios (tempo é dinheiro).

A valorização da técnica altera a concepção de ciência. Se antes o saber era contemplativo, ou seja, voltado para a compreensão desinteressada da realidade, o novo homem busca o saber ativo, o conhecimento capas de atuar sobre o mundo, transformando-o.

Essa nova mentalidade permite o advento da ciência moderna. Galileu, ao tornar possível a revolução científica no século XVII, estabelece fecunda aliança entre o labor da mente e o trabalho das mãos, o que ira marcar a relação entre ciência e técnica.

O homem em evolução sempre procura o conhecimento como um meio necessário a sua própria existência.  Como ser racional ele deixa de seguir a instintos promovidos pelo ambiente onde vive para, com o uso da razão, desenvolver a sua melhor forma de viver. Evidentemente os diferentes graus evolutivos de cada ser humano, promovem as diferentes formas de busca do conhecimento conforme a necessidade de cada um.

A competitividade é marca definida nessa sociedade. O conhecimento é uma busca constante em favor do maior conforto material, evitando os sofrimentos provocados pelo meio onde vivem. Mas o meio age sempre em ação de novos desafios,  Por exemplo, conhece-se a cura de uma doença e surge outra com características intrínsecas apropriadas com um novo grau de dificuldade para solução.

O homem a caminho da verdade segue ao lado da ciência e a medida que o planeta evolui, a ciência desperta novos interesses anteriormente desnecessários. Nessa procura constante do conhecimento, é importante que tomemos iniciativas a favor de uma vida melhor.  A sociedade contemporânea salienta, cada vez mais, a realização pessoal, o prazer, o conhecimento e a qualidade de vida como pré-requisitos para atingir a felicidade.

Hoje as instituições de ensino são as que mais empregam profissionais pesquisadores com mestrado e doutorado no Brasil. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, 32,30% dos mestres e 47,78% dos doutores trabalham no ramo da educação, seja pública ou privada.

Apesar de historicamente, mestres e doutores brasileiros seguirem carreiras acadêmicas e serem absorvidos por escolas e universidades, estudos demonstram que outros setores têm se interessado por profissionais com pós-graduação stricto sensu, que proporciona título de mestrado ou doutorado.

Segundo ele, as empresas estão investindo em pesquisa e há muita demanda por profissional com pós-graduação nas áreas tecnológicas. O mercado precisa de mestres e doutores para fazer pesquisa, isso é comum nos países desenvolvidos. Os cursos dão uma visão mais crítica e a pessoa fica preparada para analisar o ambiente, detectar problemas e encontrar soluções, fica treinado para inovações.

Pesquisadores, nos Estados Unidos e na Europa, desenvolvem suas atividades no setor privado, mas precisam ter alguma especialização e iniciação em pesquisa para aumentar sua chance de seleção pelo mercado. Para isso, o título de Mestre em Ciências é considerado suficiente.  Entre a pós-graduação strictu sensu, o MBA é o exemplo, mas existem vários outros programas inovadores, em ciências propriamente ditas, geralmente multidisciplinares, como as residências ou especializações.

*Tecnólogo em Radiologia, especialista em Administração Hospitalar e Negócios em Saúde e mestre em Ciências da Saúde