TEMPO

Quantos pacientes você atende por dia?


25/01/2018
TEMPO

O Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) fez um levantamento entre 45 profissionais das técnicas radiológicas nas redes sociais para identificar quantos pacientes são atendidos a cada jornada de trabalho e quanto tempo dura, em média, cada atendimento.

Embora não sejam oficiais, os dados revelam uma assimetria que denota a desigualdade no sistema de saúde, tanto para empregados quanto para usuários. Enquanto alguns profissionais atendem menos de 10 pacientes em um sistema digital, outros chegam a atender mais de 50 em um sistema analógico.

O técnico em Radiologia Rafael Mendes, de São Paulo, conta que em um turno de 4 horas de trabalho atende cerca de 25 pacientes. Ele considera o número de pedidos de exames excessivo. “Eu vejo uma situação de superexposição sem necessidade. Hoje mesmo atendi um paciente com cisto na mão direita. O médico pediu US da mão direita e RX das mãos e dos punhos bilateral. Veja a inversão de valores. Radiação ionizante em regiões desnecessárias”, considera.

Já o tecnólogo em Radiologia Dann Dellanno, de São Luís do Maranhão, considera que o volume de trabalho depende de qual especialidade se trata. “No diagnóstico convencional, chego a atender 15 pacientes a cada 4 horas de trabalho. Na TC, 10 pacientes e na RNM, 20 pacientes”, afirma.

No ambulatório e nas emergências, o volume de trabalho é mais intenso e impossível de mensurar. De um dia para o outro, uma doença pode se espalhar ou um acidente acontecer e o profissional das técnicas radiológicas é obrigado a trabalhar para atender todos os pacientes que precisam fazer exames. O técnico em Radiologia Fábio Junior, de Cuiabá, conta que durante 4 horas de trabalho atende 20 pacientes na Ressonância Magnética e cerca de 15 pacientes, na Tomografia Computadoriza. “Entretanto, nesse mesmo tempo, chego a fazer 80 exames de raios X convencional”, destaca.

 

De acordo o presidente do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER), Manoel Benedito Viana Santos, como as variáveis são grandes, não é possível estabelecer de maneira genérica o número ideal de pacientes e o tempo médio adequado para cada atendimento radiológico. Entretanto, a equipe deve conversar sobre o assunto diariamente e estabelecer limites seguros de trabalho em cada estabelecimento de saúde.

“As informações estão disponíveis, nós devemos estudar e analisar diariamente os requisitos de segurança da nossa atividade. Trabalhamos em grau de insalubridade máximo e não podemos deixar de analisar criticamente o uso dos raios X. Como a própria teoria diz, o exame radiológico só pode ser usado em último caso, quando não existe outra possibilidade de diagnóstico”, afirma o presidente Manoel Benedito.    

Mensurar o volume de trabalho dos profissionais das técnicas radiológicas abre espaço para a discussão sobre a segurança e o nível de satisfação desses trabalhadores. De acordo com uma pesquisa de opinião realizada ano passado pelo CONTER com 1.868 auxiliares, técnicos e tecnólogos em Radiologia, embora a maioria da categoria se considere satisfeita e feliz, existe uma parcela considerável de pessoas que não se sente bem e está insegura no trabalho.

O índice de insatisfação se explica por causa do descumprimento de direitos sociais básicos, como o piso salarial e a jornada especial de trabalho. Entretanto, a situação piora quando as instalação de trabalho são ruins, quando o profissional é obrigado a conviver com irregularidades ou quando o equipamento não funciona bem.

Embora os serviços radiológicos sejam bastante concentrados nas regiões mais desenvolvidas, o país conta com uma rede complexa de atendimento em todas as regiões. Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), existem 34.968 serviços de diagnóstico por imagem e mais de 93 mil equipamentos radiológicos registrados no país.