SEGURANÇA

CNEN retira material radioativo do Hospital Evangélico em Dourados (MS)

Folha de Dourados (MS)
07/02/2017
SEGURANÇA

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) autorizou a retirada atendendo a um pedido do Centro de Tratamento do Câncer, ao Ministério Público Estadual, através do promotor Etéocles Brito Júnior e ao procurador da república Luiz Eduardo Smaniotto.

Apesar de impasses burocráticos que impediam a retirada, a Cnen entendeu a gravidade do risco e por questões de segurança autorizou a retirada do componente químico, quase que de forma excepcional, por um profissional físico não oficial, já que apesar do Hospital Evangélico ter a licença junto ao Cnen, o profissional responsável pela condução do descarte é do Centro de Tratamento do Câncer, prestador de serviços do HE.

Segundo o MP, a transferência do elemento radioativo estava emperrada devido a divergências judiciais entre o Hospital Evangélico e o Centro de Tratamento de Câncer de Dourados (CTCD). Ambos tinham uma parceria em que o HE terceirizava os serviços para o CTCD. Com o rompimento deste acordo, o Centro não conseguia a autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para transportar o material para local seguro. Na prática o HE é o cadastrado com CNPJ na Cnen, mas é o Centro que presta o serviço, cuida das questões técnicas e seria o proprietário dessas fontes.

De acordo com a física-médica em radioterapia e supervisora de radioproteção da Cnen, Flávia Cristhina Ferreira de Araújo, o Centro de Tratamento do Câncer ingressou com um pedido junto a Comissão, em julho do ano passado, para a retirada das fontes de Cesio 137 do Hospital Evangélico, mas devido a esse impasse, nenhuma providência havia sido tomada.

"Graças a intervenção do MPE e MPF a Cnen levou em conta nosso pedido e decidiu acatar. É um alívio muito grande, tendo em vista que essas fontes representavam um risco muito grande para a população de Dourados", destaca.

Tragédia

Há 30 anos, Goiânia era atingida por aquele que é considerado o maior acidente radiológico do Brasil. A tragédia envolvendo o césio-137 deixou centenas de pessoas mortas contaminadas pelo elemento e outras tantas com sequelas irreversíveis.

No âmbito radioativo, o Césio 137 só não foi maior que o acidente na usina nuclear de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia, segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). O incidente teve início depois que dois jovens catadores de papel encontraram e abriram um aparelho contendo o elemento radioativo.

A peça foi achada em um prédio abandonado, onde funcionava uma clínica desativada. Mesmo passadas mais de duas décadas da tragédia, o acidente ainda deixa resquícios de medo. Um exemplo é a situação do local onde morava uma das pessoas que encontraram a peça.

A casa em que vivia o catador foi demolida no mesmo ano em que tudo ocorreu. Apesar de o solo ter sido todo retirado e ter sido substituído por várias camadas de concreto, nunca mais qualquer tipo de construção foi feita no local.

A primeira vítima fatal do acidente radiológico foi a garota Leide das Neves Ferreira, de 6 anos. Ela se tornou o símbolo dessa tragédia e morreu depois de se encantar com o pó radioativo que brilhava durante a noite.