RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

Conheça a especialidade da Radiologia que não envolve radiação ionizante

Naum Carlos/Ascom CONTER
06/08/2018
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA


Na maioria dos casos, os médicos não conseguem fazer o diagnóstico do paciente com base apenas nas informações que obteve durante a consulta. A melhor forma de chegar a uma conclusão certeira a respeito do que incomoda o enfermo é olhar por dentro do corpo dele. Mas como fazer isso sem ter que passar por procedimentos cirúrgicos super invasivos? Uma das soluções é a ressonância magnética, exame de imagem capaz de mostrar com definição as estruturas internas de diversos órgãos do corpo humano. Ela ajuda no diagnóstico de variados problemas de saúde.

O fenômeno da ressonância magnética foi uma descoberta de dois grupos de cientistas americanos liderados por Felix Bloch e Edward Purcell, cada um, que dividiram o prêmio Nobel de física em 1952 por conta desse feito. Mas o devido valor da descoberta lhe foi atribuído apenas algumas décadas depois, quando foi aplicado à medicina, em meados dos anos setenta. Hoje, o exame se espalhou pelo mundo e, aqui no Brasil, quando não é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), costuma custar entre R$ 800 e R$ 1,5 mil, a depender do tipo de exame e da clínica que está oferecendo o serviço, que pode ser executado apenas pelo técnico ou tecnólogo em Radiologia com registro profissional.

O exame utiliza de um campo magnético e de ondas de rádio que possibilitam a produção de imagens em alta definição da parte interna do corpo humano entre órgãos e outros tecidos. A ressonância magnética é indicada para identificar doenças neurológicas (como Alzheimer e esclerose múltipla, por exemplo), inflamações ou infecções no sistema nervoso, lesões osteomusculares, aneurismas, coágulos nos vasos sanguíneos e tumores.  O exame costuma durar entre 15 minutos e uma hora e o paciente fica com o corpo inteiro dentro de um tubo, chamado de tubo magneto, ou parte dele, a depender do tipo de exame que necessita.

Pode haver contraindicações para aqueles pacientes que não conseguem ficar parados (qualquer movimento durante o procedimento pode ocasionar alterações nos resultados), como é o caso de crianças, portadores de demência, esquizofrenia e claustrofobia, para os quais é recomendado o uso de sedativos para induzir ao sono, caso contrário, o exame não poderá ser realizado. Além disso, em algumas situações, os examinados deverão ter um contraste injetado na veia para uma melhor definição das imagens geradas pelo procedimento, como foi o caso de Francisco Carlos Pereira de Sousa, 57, morador de Teresina. Ele buscou o exame para possíveis problemas no fígado. “ A partir de certo momento, eu senti desconforto por conta da posição que tinha que manter com os braços atrás da cabeça”, lembra o técnico judiciário. Francisco afirma ter sentido medo antes do exame devido ao que outras pessoas haviam lhe falado, como casos de pacientes que tinham passado mal ou até morrido durante o procedimento. “No final ocorreu tudo tranquilamente e o barulho da máquina não me incomodou, já que tinha sido advertido pelo técnico momentos antes do exame”, recorda.

Uma das maiores vantagens da ressonância magnética em relação à tomografia computadorizada, tipo de exame semelhante de imagem, é a não utilização dos raios ionizantes, que têm a capacidade de retirar um elétron dos átomos, alterando, portanto, as estruturas moleculares do corpo, o que pode ocasionar o surgimento de tumores. A tomografia é mais indicada para a análise de estruturas mais rígidas do corpo, como ossos e músculos e exige preparação prévia do paciente com jejum de seis horas antes de fazer o exame, diferente da ressonância, que não necessita de qualquer preparação na maioria dos casos. Geralmente, portadores de marca-passos ou válvulas cerebrais e implantes ortopédicos e mulheres com DIU, por exemplo, não podem fazer a RM (hoje já existem opções desses aparelhos e acessórios adequados para o exame). Maquiagens e outros cosméticos também podem causar problemas por poderem conter metais em suas composições.

Hoje, a RM se popularizou e se tornou mais acessível do que há 16 anos atrás, período em que Lucivaldo dos Santos Silva, 41 anos, se interessou pela área. Após dois anos da aprovação no concurso para técnico em Radiologia na Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), o morador da capital paulista viu na ressonância magnética, exame que custava cerda de R$ 2 mil na época, uma área que prometia se desenvolver no Brasil. “Em São Paulo há, hoje em dia, mais máquinas instaladas e preços mais baixos do que naquele tempo. É possível achar exames de RM ao preço de R$ 400”, relata.

Lucivaldo conta que uma das maiores dificuldades que ainda existem para aqueles que decidem enveredar pela área é a escassez de profissionais para ensinar e treinar os novatos. “É uma das melhores áreas em Radiologia, mas os alunos precisam entender que é necessário tempo para praticar e entender bem o procedimento”, afirma o técnico, que também diz haver muitos protocolos específicos durante o exame e que o tempo mínimo de estudo e prática para um profissional da RM é de seis a sete meses. Quanto ao trato com os pacientes, Lucivaldo é categórico: “É obrigação do profissional conversar e orientar aqueles que são submetidos ao exame. É um exame demorado e muitos pacientes chegam assustados na sala de ressonância magnética e eles precisam entender bem o procedimento e saber que estão protegidos, além de toda a instrução sobre como devem se portar dentro da máquina”, explica.