RADIAÇÃO E ALIMENTAÇÃO

Método de preservar alimentos por irradiação é seguro?

Larissa Lins/Ascom CONTER
12/09/2018
RADIAÇÃO E ALIMENTAÇÃO
A exposição à radiação elimina componentes prejudiciais e prolonga vida útil de alimentos
 
A palavra radiação, para muitas pessoas, remete a lembranças negativas. Muitos pensam em grandes desastres nacionais e internacionais, como Chernobyl e o Césio-137, mas sabemos também que, quando usada de forma responsável por profissionais capacitados, ela pode não só salvar vidas, como também melhorar muito a qualidade delas, com efeitos, inclusive, sobre a nossa alimentação.
 
A exposição de alimentos a quantidades controladas de radiação beta ou gama tem garantido qualidade e conservação destes, mesmo em condições precárias de armazenamento. O procedimento é extremamente eficiente para a diminuição e até a destruição de insetos, bactérias patogênicas, fungos e leveduras. Além disso, é capaz de retardar o processo germinativo em vegetais por anos.
 
Isso acontece porque a radiação atua direta ou indiretamente nos microrganismos, mais especificamente na molécula de DNA e RNA, inibindo a reprodução e crescimento deles. E, ao contrário do que se imagina, os resquícios dessa radiação não continuam no alimento e não há alteração do núcleo dos elementos químicos dos alimentos irradiados, ou seja, esse processo não torna os alimentos radioativos.
 
"Estima-se que o Brasil desperdiça cerca de 41 mil toneladas de alimento por ano. Isso coloca a gente entre as nações que mais perdem comida, em contrapartida, mais de 124 milhões de pessoas no mundo sofrem com a fome. Esse processo se dá, principalmente, pela dificuldade que se tem de conservar alimentos. Acreditamos que, assim como a Radiologia revolucionou a medicina, ela tem potencial de trazer mudanças significativas para essa questão", afirma Manoel Benedito Viana Santos, presidente do CONTER.  
 
Desde a década de 80, essa tecnologia já era estudada. Um comitê formado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela Food and Agriculture Organization (FAO) e pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) estabeleceu uma quantidade segura de material radioativo para o método e declarou que os alimentos irradiados com até 10,0 kilogray - unidade de medida para quantidade de radiação absorvida – são absolutamente seguros. Hoje, mais de 40 países já aprovam a técnica e muitos deles se utilizam do processo comercialmente.
 
Dependendo do alimento e da quantidade de radiação usada, pode haver algumas alterações quanto ao sabor e cheiro, além da perda de alguns poucos nutrientes, mas nada que não aconteça em outros procedimentos semelhantes, como pasteurização e esterilização, por exemplo. Os produtos são embrulhados em embalagens especiais e podem se conservar por muito tempo em temperatura ambiente, sem contar que todo o processo conta com dosímetros que são colocados a cada 9 lotes e lidos em laboratório.