PALAVRA DA PRESIDENTA

Em artigo, Valdelice Teodoro fala sobre as principais demandas da categoria e da necessidade de união e mudança de postura da classe

Valdelice Teodoro/Assessoria de Imprensa
18/07/2011
PALAVRA DA PRESIDENTA

 

*Valdelice Teodoro

Prezados Técnicos e Tecnólogos em Radiologia de todo o Brasil, é um prazer falar com vocês em mais um momento bastante oportuno para abordar um assunto de interesse coletivo. Pois bem. Tem se tornado cada vez mais recorrente receber, por meio de nossas redes sociais e do nosso site, questionamentos sobre temas polêmicos, como piso salarial, limite de carga horária, atuação irregular, eficiência da fiscalização, abertura de novos postos de trabalho, entre outras coisas relativas à nossa profissão.

As perguntas denotam os anseios individuais da categoria. Permitem identificar o que aflige os profissionais no Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul do Brasil. Permitem saber que a realidade de cada Estado tem suas particularidades, que o diferenciam de qualquer outra Unidade da Federação.

Foi pensando em todas essas particularidades que cheguei a uma reflexão profunda, sobre como temos que nos comportar, como categoria profissional, diante dos nossos interesses. Neste sentido, cabe dizer que um problema para os profissionais no Sul do país, mesmo que não ocorra em outras regiões, é problema de todos nós no Brasil inteiro. É saber que a luta por melhores condições de trabalho no Nordeste tem que ser abraçada pelo Sudeste como se fosse sua causa, e vice-versa.

Vejo com muita satisfação cada vez mais profissionais participando das discussões que levantamos nas nossas matérias jornalísticas, mas confesso que me sinto preocupada em relação à falta de corporativismo. Geralmente, as ideias se encontram desarticuladas, longe de uma unidade de luta. Não se pode mais continuar cada um correndo somente atrás dos seus próprios interesses, não.

Sinto que categorias profissionais concorrentes da nossa conquistam espaços que poderiam ser nossos, justamente, por conseguirem demonstrar unidade nacional em torno dos mesmos ideais. Enquanto, muitas vezes, temos profissionais assistindo ia irregularidades nos hospitais e clínicas sem se dar ao trabalho de oficializar, sequer, uma denúncia no seu Conselho Regional. Isso tem que mudar. 

Os técnicos em Radiologia, por exemplo, costumam reclamar muito que os Estados não respeitam o piso salarial, mas nem sempre passam das reclamações. As denúnciais oficiais sobre este assunto não permitem emplacar uma luta nacional, de peso, que convença a opinião pública da nossa necessidade de ter um salário digno. 

Para dar um exemplo prático, posso citar alguns concursos públicos em que sai o edital com a remuneração do Técnico em Radiologia abaixo do que determina a lei. É certo que, diante do caso, quanto maior o número de profissionais que denunciarem a situação ao Ministério Público, maior a chance do problema ser resolvido antes da realização do certame. Agora, se apenas um ou outro procurar a justiça para cobrar os seus direitos, certamente as autoridades darão atenção a demandas mais contundentes. 

Por definição, o poder é atribuído a corporações representativas dos interesses econômicos, industriais ou profissionais, nomeadas por intermédio de associações de classe, por meio das quais os cidadãos, devidamente enquadrados, participam da vida política nacional. Os representantes nada são sem seus representados e de modo bastante peculiar, os representados devem subsidiar a luta e o esforço dos seus representantes.

Vale salientar que existe uma distância tênue entre a realidade e o que determina a lei. Temos que lutar justamente para aproximar o que diz a legislação que rege nossa profissão do que acontece no cotidiano. Não é exclusividade nossa essa situação. Vale lembrar que até os professores, uma categoria organizada há muito mais tempo que a nossa, ainda não consegue ter seu piso salarial respeitado por oito Estados brasileiros.

Cada vez mais, encare seus colegas de profissão como amigos de causa, como pessoas com interesses em comum, que podem tomar atitudes para reforçar as causas defendidas pelos representantes legais da classe. 

Nós somos quase 80 mil técnicos e tecnólogos espalhados pelo Brasil. Sem dúvidas, uma ação conjunta nossa repercute em todo o território nacional. Acompanhe nosso Conselho e ajude a construir um novo caminho, rumo à consolidação dos nossos direitos. 

*presidenta do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER)