COMBATE AO FUMO

Fumantes radioativos: como o tabagismo se relaciona com a radiação ionizante?

Larissa Lins/Ascom CONTER
29/08/2018
COMBATE AO FUMO
 
Pouco discutida, a presença de componentes radioativos é mais um dos
inúmeros perigos do tabagismo
 
No calendário da saúde, o dia 29 de agosto é sinalizado como o Dia Nacional de Combate ao Fumo. O cigarro possui mais de 4 mil substâncias tóxicas, as mais conhecidas são a nicotina e o monóxido de carbono, mas ele também contém componentes radioativos, como polônio-210, que pode ser encontrado nas baterias dos carros, além do chumbo-210. Por ser uma droga regulamentada e legalizada, sabemos quais são as substâncias mapeadas nas mais diversas marcas de cigarro, mas isso não indica que ela é menos perigosa do que outras drogas legais ou ilegais. 
 
Com um índice de vício próximo ao da cocaína e da heroína, o cigarro e as complicações do seu uso matam cerca de 6 milhões de pessoas por ano em todo o mundo e pode ser a porta de entrada para outras drogas. Segundo estudo realizado na Universidade de Columbia (EUA), a nicotina interfere na regulação do DNA e acaba por aumentar a expressão de um gene chamado FosB, relacionado à propensão ao vício não só no cigarro, mas em outros narcóticos.
 
Mas, afinal, qual é a relação da radioatividade com o tabagismo? Bom, sendo a Radiologia uma ciência da saúde, é seu dever alertar sobre os riscos de fumar, principalmente em um país com cerca de 32 mil fumantes crônicos, sem contar os passivos que estão tão expostos quanto os ativos. Mas o alerta principal é: cigarros emitem radiação ionizante e podem modificar nossas células.
 
A radiação está presente desde os raios de sol até o ar que respiramos, mas estas mais comuns são categorizadas como não-ionizantes. As ionizantes têm capacidade de retirar elétrons dos átomos, ionizando-os e causando potenciais lesões no nosso DNA. Estão presentes em diversos elementos da tabela periódica e em aparelhos usados na Radiologia e o cigarro não fica fora dessa relação. A radiação é passada para o fumo em sua fertilização com agrotóxicos e, uma vez que ela se mostra presente nas folhas do fumo, não há como retirá-la. 
 
Uma pessoa que fuma diariamente um maço e meio de cigarros, ao longo de um ano recebe cerca de 4,6 mSv de radiação ionizante, o que não parece muita coisa. Acontece, contudo, que o alcatrão, outra substância presente no cigarro, se deposita nas áreas de bifurcação dos brônquios, absorve quantidades relevantes de polônio e chumbo radioativos. 
 
Ser um fumante passivo também traz complicações à saúde. Quando falamos em radiação, 75% do polônio presente no cigarro não é absorvido pelo fumante ativo e ele pode ser absorvido por alguém que convive com ele. Ainda não se sabe o quanto dessa radiação é absorvida e como ela reage no organismo do fumante passivo, mas as várias outras substâncias contidas no fumo são extremamente tóxicas e nocivas e tornam o fumante passivo um potencial alvo de doenças como o câncer.